Sei que é loucura. Mas quando era criança - isso transforma a situação que vou escrever aqui mais normal - ouvia a frase típica das nossas mães, tias e babás. "Come tudo". "Você tem que comer tudo para ficar forte" etc. Aí eu olhava aqueles três/quatro grãos de arroz que ficavam sobrando no prato (sempre comi bem!) e me perguntava qual era o melhor destino para eles. Na verdade, o que era sobreviver nesse caso - ficar no prato ou ser engolido. Essa "grande" dúvida não era incomodo mas era recorrente. E não tinha resposta.
Lembrei disso ontem, quando mãe, avó, babá e pai reforçavam os pedidos de "come tudo, Francisco", para meu filho mais velho. E olhando aqueles grãos de arroz no meu prato, vi que a resposta é clara para esse embate quase shakespeariano - esse ser ou não ser deglutido. E a resposta é como devemos ser na nossa vida. É melhor sermos útil para algo, qualquer causa, qualquer amizade, qualquer sorriso, qualquer trabalho e todo desgaste e satisfação e frustração que possa gerar, que estar íntegro ali no prato como na vida e ser dispensado mais cedo que nunca para o lixinho da pia. Esquecido. Sendo útil para fungos, vermes e bactérias. Urubu também. Não vivendo. Sobrevivendo.
O que parecia loucura me fez chegar a uma conclusão totalmente sã. Faça diferença na vida.
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