Me entenda bem. Sempre. É lindo ver a mobilização de grandes artistas internacionais para arrecadar doações. Está acontecendo agora o Hope for Haiti Now. Mas, o que antes me comovia, (de alguma forma me comove até hoje) agora me deu uma ponta de irritação.
Por que precisa de uma tragédia gigante, de proporções bíblicas, para que haja mobilização desse porte? É a tragédia por atacado. A tragédia daquilo que não dominamos. A força da natureza assombra. Ela mobiliza e sensibiliza.
E a tragédia do dia-a-dia? Quantos "Haitis" acontecem por dia no mundo? Sem tremor de terra algum. Sem tsunamis ou furacões. Quantas pessoas morrem por miséria, fome, intolerância? Mas a força da insensatez humana não assusta. Não mobiliza. Impressiona de vez em quando em reportagens dramáticas que sempre acontecem e rendem prêmios de jornalismos para os abutres que se sensibilizam com o show de horrores da miséria humana. Miséria feita pelo homem. Com a responsabilidade única e exclusiva do produtor desse espetáculo pavoroso - o homo sapiens.
Alguns artistas, como o Bono, do U2, são tidos como chatos. Mas tentam. E nem ele consegue. A mobilização do Haiti tem que ir além. Tem que ser um movimento que não acabe mais. Vamos criar o movimento Hope for World Forever. Por que não?
Tola utopia. Apesar de nenhuma utopia ser tola. Não basta nos acharmos melhores por ajudarmos um pedaço da Terra cruelmente castigado pela natureza (agravado pela extrema pobreza do Haiti). Nós temos que ajudar, dia-a-dia o mundo a ser um lugar verdadeiramente mais justo e mais equilibrado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário