Depois me assustava a fama de violência que logo foi sendo domada com o costume de visitar ainda mais a cidade com minha eterna namorada , carioca de nascimento e frequentadora assídua de sua terra Natal.
O incrível é ver todos os vícios e mazelas persistirem até hoje. Dá nojo continuar sentindo aquele cheiro insuportável na chegada, agora pela Linha Vermelha. Dá nojo ver a lagoa Rodrigo de Freitas maravilhosa e suja desde sempre.
Dá nojo ler no jornal que a praia do Leblon e São Conrado, por exemplo, até hoje são impróprias para banho. Dá nojo ser explorado pelo profissional da Prefeitura cobrando o dobro para estacionar o carro no bondinho do Pão de Açúcar.
Dá nojo tentar denunciar e uma gravação ao telefone que consta no cartão de estacionamento informar que o número não existe. Dá nojo pegar um táxi e temer que você será ludibriado. Dá nojo a sujeira nas ruas, o cheiro de urina, o zoológico decadente, a terra de ninguém (sempre de alguém), a exploração dos preços na praia, a falta de táxi, a insegurança eterna, corrupção, o levar vantagem em tudo, certo?
Vem copa - e o Maracanã não fica pronto. Agora é o Engenhão que está quebrando. Vem Olimpíadas. Essa é a esperança. É essa a esperança? Do fundo do meu coração, tomara!
Mas sinceramente não sei. Tolerar tudo isso faz parte da alegria tão propalada dos cariocas? Será que essa tolerância é cultural? A tolerância para o mal feito, para o mais ou menos, para o baixo padrão?
O que me assusta e dá mais nojo, é que tudo isso que eu relatei eu vejo desde os 9 anos de idade. 34 anos depois, isso mesmo, 34 anos depois, continua igual. Cariocas do meu Brasil, estou mentindo? Até quando?
Essa é uma carta de amor ao Rio, que dá alguns sinais de que quer melhorar e não pode perder essa oportunidade histórica de virar o jogo. É uma carta de repúdio à tolerância, ao jeitinho e à incompetência do poder público e privado.
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