sábado, 8 de junho de 2013

NOJO DE JANEIRO

De longe, o Rio de Janeiro é a imbatível cidade maravilhosa. Mas só de longe. A primeira memória da minha infância que tenho na chegada pela avenida Brasil foi aquele cheiro insuportável. Nunca entendi como os moradores poderiam aguentar odor tão terrível. Isso foi em 1978! 

Depois me assustava a fama de violência que logo foi sendo domada com o costume de visitar ainda mais a cidade com minha eterna namorada , carioca de nascimento e frequentadora assídua de sua terra Natal.

O incrível é ver todos os vícios e mazelas persistirem até hoje. Dá nojo continuar sentindo aquele cheiro insuportável na chegada, agora pela Linha Vermelha. Dá nojo ver a lagoa Rodrigo de Freitas maravilhosa e suja desde sempre. 

Dá nojo ler no jornal que a praia do Leblon e São Conrado, por exemplo, até hoje são impróprias para banho. Dá nojo ser explorado pelo profissional da Prefeitura cobrando o dobro para estacionar o carro no bondinho do Pão de Açúcar. 

Dá nojo tentar denunciar e uma gravação ao telefone que consta no cartão de estacionamento informar que o número não existe. Dá nojo pegar um táxi e temer que você será ludibriado. Dá nojo a sujeira nas ruas, o cheiro de urina, o zoológico decadente, a terra de ninguém (sempre de alguém), a exploração dos preços na praia, a falta de táxi, a insegurança eterna, corrupção, o levar vantagem em tudo, certo? 

Vem copa - e o Maracanã não fica pronto.  Agora é o Engenhão que está quebrando. Vem Olimpíadas. Essa é a esperança. É essa a esperança? Do fundo do meu coração, tomara! 

Mas sinceramente não sei. Tolerar tudo isso faz parte da alegria tão propalada dos cariocas? Será que essa tolerância é cultural? A tolerância para o mal feito, para o mais ou menos, para o baixo padrão?

O que me assusta e dá mais nojo, é que tudo isso que eu relatei eu vejo desde os 9 anos de idade. 34 anos depois, isso mesmo, 34 anos depois, continua igual. Cariocas do meu Brasil, estou mentindo? Até quando?

Essa é uma carta de amor ao Rio, que dá alguns sinais de que quer melhorar e não pode perder essa oportunidade histórica de virar o jogo. É uma carta de repúdio à tolerância, ao jeitinho e à incompetência do poder público e privado.