Sou apaixonado por esporte. É uma das maiores escolas de vida e de onde aperfeiçoamos nossa saúde física e mental e conquistamos amigos para a vida toda. Ontem, numa agradável happy hour na Churrasqueira com o Renan Parrot, (+ Gil, Aline e Gleice), lembrei com ele do título inesquecível de um torneio de basquete (JABI'S - Jogos Abertos Infantis do SESC de 1981) . Não só por termos sido campeões. Mas como conseguimos ser campeões.
Defendíamos a Academia. O Jesuítas tinha um time diferenciado com uma verdadeira estrela para o torneio. Era o Belô. Um menino bom de bola demais. Muito acima da média. Ele veio (como o nome insinua) de Belo Horizonte e não me recordo se ele jogou no Minas ou no Ginástico. O menino era craque e desequilibrava. Todas as vitórias ao longo do torneio foram avassaladoras. O caminho para o título parecia inevitável. Parecia. No meio do caminho do Jesuítas tinha um professor chamado Ítalo.
O professor Ítalo era uma lenda viva no esporte de Juiz de Fora. Ele era um ícone mesmo. Tinha jogado, inclusive, basquete com Antônio Bara, meu querido Pai. O professor Ítalo colocou como meta a conquista do título. Virou um desafio pessoal. Observou os jogos do Jesuítas. E traçou uma estratégia. Como não há sucesso sem trabalho e muito empenho, ele marcou treinos durante vários dias da semana (o comum era somente um por semana) inclusive sábados e domingos. Convocou o pessoal do time principal da escola para treinar com a gente. Ele criou o Quadrado Mágico.
Quis o destino que ele não dirigisse e não visse a gloriosa vitória da nossa equipe. Um parente faleceu no dia da final e ele teve que ir a São Paulo acompanhar o funeral. Pelé assumiu o comando.
O Quadrado funcionava do seguinte jeito. Na defesa, nosso melhor jogador, o Leonardo - craque de bola também - foi incumbido de marcar sob pressão o Belô. Não desgrudava um segundo. O Quadrado Mágico ficava plantado no garrafão anulando as jogadas de penetração do Jesuítas. O Renan era um dos guardiões. Eu, dois anos mais novo, entrava durante a partida. Nosso time era bom e o nosso ataque naturalmente funcionava bem. O Leonardo estava em noite inspirada e foi ele que desequilibrou o jogo.
Em nenhum momento o Jesuítas nos ameaçou. O nosso domínio e preparo eram tão superiores que o jogo ficou quase fácil. Mas é porque nós demos muito duro nos treinamentos. Nós fomos liderados brilhantemente por uma pessoa que, mesmo com seus 70 anos, inovou numa fórmula diferente. Surpreendeu o adversário que contava com o título e não se preparou para algo diferente.
Esta conquista para mim (e para o Renan também - ele é um dos grandes amigos surgidos do esporte e que a vida profissional nos fez encontrar de novo!) foi e é marcante. Ela mostrou o quanto o poder de superação e união é capaz de grandes e surpreendentes conquistas. Temos que ter a ideia, sonhar. E temos que trabalhar muito, muito para realizá-las e conquistá-las. Obrigado professor Ítalo! Que lição de vida esse título nos trouxe!
Caro Sergio, que lembrança bacana! Acho que vale lembrar que os treinamentos extras eram enfrentados com disposição por todos nós, cientes da dificuldade e da responsabilidade. E que nosso time, graças à excelente marcação, arrebentava em eficientíssimos contra-ataques, na maioria das vezes puxados e concluídos pelo próprio Leonardo.
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